Quando perguntei ao Peneira como tinham sido as suas primeiras férias nos trabalhadores este meu amigo positivista disse-me que não ouviu nada de novo e completou afirmando que “ O mais importante não é aquilo que ouvimos de novo mas sim como ouvimos aquilo que já sabiamos“ e eu faço das suas palavras minhas.
Estas Férias do CLU foram extraordinárias tanto pela novidade como pelo reconhecimento daquilo que já havia acontecido.
No dia 31 de Julho o nosso chefe Zé Luís lançou as férias com extrema simplicidade, disse-nos que não há truques para que as coisas normais se tornem reais, para que seja real basta que vivamos as coisas banais verdadeiramente. E assim tornamo-nos Protagonistas. Na sua vida percebe isso tanto num jogo de raguebi quando foi preciso que toda a equipe levasse um estaladão do treinador para que começassem a jogar como treinavam, foi uma chamada a realidade direccionada a cada um, alguns acharam uma ofença e abandonaram o jogo, mas para o Mineiro foi o reconhecer da unidade. Como na amizade com o António MR que apesar de não ser o seu melhor amigo desperta no seu coração perguntas concretas da sua vida (Porque ir a missa..).
Dito isso terminou com um pedido a cada um de nós. Pediu para que estejamos atentos nas férias e depois delas porque a qualquer momento Cristo pode por tudo nas nossas mãos e ai vai ser preciso arriscar verdadeiramente.
Dia 1 de Agosto;
Pela manhã o Padre João introduziu-nos aos Exercícios da Fraternidade - Testemunho da Cleuza Ramos e explicação de Carrón.
Cleuza Ramos impressiona pela sua simplicidade, encontrou o movimento através de amigos e cresceu pelas pequenas coisas que foi percebendo porque não se limitou a perceber, mexeu-se e mudou. Assim foi capaz de entregar o movimento dos Sem Terra ao movimento Comunhão e Libertação porque percebeu que já tinha encontrado o que procurava e que a partir dali bastava seguir.
Neste mesmo dia fizemos um passeio já por nós conhecido. Ali tomamos banhos nas águas frias e cristalinas das piscinas naturais das montanhas, um sitio lindo! E foi nesse cenário que fiz Escola de Comunidade. Para melhor perceber o texto juntei-me a um grupo de amigas que incluia a Margarida Pacheco de Amorim. Ela ajudou-me a compreender que a razão e a experiência são coisas estritamente relacionadas e acabou a intervenção com uma pergunta que a sua avó fez a um primo seu “Se do nada nada pode nascer como se pode explicar o mundo ?“.
A noite vimos On the waaterpont - Há lodo no cais com Marlow Brandon de Elie Kazan. A apresentação pelo Mineiro e pelo PJ chamaram-nos a atenção para a importância dos clássicos e mensagem moral. Mas o que mais me marcou foi a cena em que morre um trabalhador e que o Padre não abandona o seu corpo afirmando que aquele homem é a sua igreja.
Dia 2 de Agosto
Dia de Jogos!!!!
Eu pertencia a equipa cor de laranja... aos Turcos! E só pelo nome começamos mal... antes Japão que Turnquia!!!!!
Para mim os Turcos começaram logo a jogar mal, faltava organização, imaginação, ensaios, ..., mas no meu coração estava a certeza de que as minhas férias não se definiam pelo resultado dos jogos. A Sofia GP disse-me uma vez que os jogos são educativos, no sentido de que ensinam-nos a viver e a estar em grupo como uma equipa. Isto fez me lembrar do testemunho do Zé Luís sobre o ragueby e por sua vez entregar tudo o que tinha pela minha equipa, na certeza de que, ganhando ou perdendo, seria um + na minha vida.
E nessa noite a Carminho apresentou-nos O Fado que mais gosta e um pouco da sua história. Sinceramente não me interesso muito pelo Fado mas ver a paixão com que a Carmo falava dele despertou o meu coração para esta musica e para as coisas que me interessam.
Dia 3 de Agosto
O grande dia, dia do passeio Grande !!
Eu já havia feito este passeio com os Cavaleiros, o passeio a poça azul, e sabia que não era fácil. Mas com o CLU a unidade marcou-me neste dia, era concreta, visível e verdadeira. Foi preciso nos ajudarmos, foi preciso esperar, foi preciso fazer silêncio, foi preciso olhar, respirar, ouvir,..., foi preciso estarmos atentos aquela realidade que nos envolvia para ver Cristo presente nos rostos dos meus amigos. Não fizemos parte de uma obra de arte mas sim da realidade - A Beleza é a Grandeza da Salvação.
Nesta noite o Manel Gonçalves testemunhou. Foi extraordinária a maneira como me identifiquei com este amigo com quem não me dou muito. Não foi preciso que lhe acontecesse nada de extraordinário foi apenas preciso que olhasse para as coisas como são e agarrar-se a elas, desde a escola de comunidade ao namoro com a Matilde, foi preciso uma entrega.
Dia 4 de Agosto
Jogos na água !
Nesta segunda-feira fomos a uma barragem onde já tinhamos estado ano passado. Ali o MR, a Catas, a Maria e o Paolo prepararam um jogo dentro d´água. Foi divertido e cansativo para todos nós mas para mim tudo aquilo valeu-me pela entrega e obediência que tive no decorrer da brincadeira.
Depois do almoço ainda nos divertimos mais a fazer um clip musical que representava a ultima prova e tinha de estar acabado nesse dia.
Por volta das 2h da tarde regressamos e fizemos EC. E enquanto conversavamos provocou-me o facto de querer fazer memória a esta coisa grande, quero me lembrar destas férias todos os dias e viver assim o resto do meu ano, tanto com os amigos da faculdade como com a minha turma. Sem querer confundir isto com sentimentalismo mas correspondendo a um desejo concreto de ser capaz de reconhecer Cristo em qualquer rosto que me apareça a frente. E dito isto o Luís Mi pediu para que eu repetisse a pergunta na Assembleia.
A ultima noite foi Grande. Nos fartamos de cantar e rir. Nossos amigos italianos prepararam umas musicas e dançaram e através deste pequeno gesto mostraram a entrega e unidade que viviam no meio de nós.
E o Luís Mi preparou um belo gesto para os nossos amigos que se vão embora para os trabalhadores: um “Teste das férias“. Escusado será dizer que naquele momento tornou-se evidente a nossa amizade pelos que partiam.
Dia 5 de Agosto
O Fim que dita o principio...
No dia da Assembleia foram postas várias perguntas: “Porque que é fácil mendigar nas férias e na vida não“ - Micky, “Pq me passa o desejo de rezar?“ - Alex, “O facto de passar para os trabalhadores desperta-me uma certeza de que existe uma continuação que não foi tão evidente quando passou dos Liceus para o CLU.“ - Bernardo Castro, “Como reconhecer esse ponto exterior na minha vida?“ - Maria (prima do Arriaga), “Não percebo bem como Cristo é testemunha do Pai e Deus da Igreja“ - João (curso da Matilde SM), “Quem fez tudo isto ? Se foi Cristo só me interessa a relação com ele. Aquilo que me aconteceu nestas férias é importante, interessa-me porque ajuda-me a ser Feliz quando voltar a casa“ - Andrea, “Como poso viver isto no resto do meu ano?“ - Carminho, Eu e “Reconheci Cristo através do António MR quando me pediu para tirar apontamentos e eu estive mais atenta devido ao pedido que me tinha feito“ - Matilde SM
De facto com todas estas perguntas percebo que Cristo tem rostos concretos e que só o vejo se o procurar. E partindo desta necessidade de busca do Mistério posso dizer que Sou mais Feliz se viver assim.
