sábado, 29 de maio de 2010

Cardeal Patriarca critica decisão de Cavaco sobre casamento homossexual

O cardeal patriarca de Lisboa lamenta que o Presidente da República tenha promulgado a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em entrevista à Renascença, D. José Policarpo, dá mesmo a entender que tal decisão pode ter reflexos eleitorais.

“Esperava que ele usasse o veto político. Sabemos a fragilidade do veto político na nossa actual Constituição, mas ele, pela sua identidade cultural, de católico, penso que precisava de marcar uma posição também pessoal. Já não lhe exigíamos que fosse tão longe como o rei da Bélgica que abdicou por um dia para não assinar uma lei que não queria assinar”, diz D. José Policarpo, acrescentando que acredita que, se tivesse vetado a lei, Cavaco “ganhava as eleições” presidenciais do próximo ano.

“Não nos competia a nós dar sugestões nesse campo. Tenho pena que o professor Cavaco Silva não tenha feito o veto político”, lamenta o bispo de Lisboa, que não compreende as razões invocados pelo Presidente da República, quando anunciou em comunicação ao país a promulgação da lei.

“O discurso levava a uma conclusão que depois não aconteceu. Temos muita dificuldade em ver como é que um veto político vinha prejudicar a crise económica. Aquela relação lógica causa-efeito a mim não me convenceu”, diz D. José. E continua: “Para mim o argumento principal não era o da eficácia política, era um gesto dele como pessoa, como Presidente que foi eleito pelos portugueses e pela maioria dos votos dos católicos portugueses, que se distanciasse pessoalmente: quando assinasse era mesmo porque tinha de ser e naquela altura não tinha de ser”.

Nesta entrevista, o Cardeal Patriarca faz um balanço da visita do Papa Bento XVI a Portugal, que considera ter aberto um momento de entusiasmo em relação à Igreja, e das relações da Igreja com o poder político, que diz serem de “grande independência e lealdade”.

D. José Policarpo alerta para alguns dos problemas da igreja, nomeadamente a falta da “força mobilizadora de testemunhos”, de gente que mostre como é “entusiasmante viver o Evangelho na vida de hoje”. O Cardeal Patriarca também alerta para a necessidade de cada vez mais os leigos assumirem a gestão de instituições sociais ligadas à igreja, de forma a deixar tempo aos padres para desempenharem o seu papel essencial de pastores.


RR/Pedro Caeiro

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Desprestigiante

O Papa bem nos avisou: “Precisamos de verdadeiras testemunhas de Cristo e não de pessoas falsas; sobretudo onde o silêncio da fé é mais amplo e profundo, como por exemplo na política.



Porque em tais âmbitos - disse o Papa em Portugal - não faltam crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo e constroem barreiras à inspiração cristã.” Pois, aqui está uma boa definição de Cavaco Silva.
Que pena, Sr. Presidente. Se o Sr. tivesse assumido a sua posição antes de Bento XVI vir ao nosso país, teria sido mais honesto para com o Papa e para com os portugueses...
Mas não. O Sr. tomou a típica opção que desprestigia a política: encheu-nos de palavreado e lindos discursos de sabor cristão, para afinal fazer o contrário do que insinuou durante os quatro dias que andou com o Papa. Para quê Sr. Presidente? Para ganhar mais votos?
O Sr. sentou-se lá à frente na missa e ouviu certamente o que o Papa disse: ”o acontecimento de Cristo é a força da nossa fé e varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano (...) mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós".
O Presidente da República fez exactamente o contrário disto, dois dias depois de se despedir do Papa.
Aura Miguel

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Presidente: para quê?

Público, 2010.05.24 António Pinheiro Torres

A promulgação da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo desiludiu os portugueses e surpreendeu os católicos



A promulgação pelo Presidente da República da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo desiludiu todos os portugueses, defraudou aqueles que nele votaram e surpreendeu os católicos deste país.

A decisão desiludiu todos os portugueses: o Presidente ignorou o sentir da sociedade portuguesa e simultaneamente operou uma interpretação dos seus poderes ao arrepio da Constituição, sendo que a fragilidade das suas supostas razões foi tal que nem à crítica dos supostos beneficiários da decisão escapou...

Do sentir da sociedade portuguesa sabia o Presidente: não existe uma só sondagem (por telefone, online ou por qualquer outro meio) que mostre uma aprovação pelos portugueses do casamento e da adopção gay ou negue que o referendo é de facto uma exigência popular (antes e depois da promulgação como se verificou logo no dia seguinte num programa da SIC-Notícias). Só assim se explica que tenha sido possível em três semanas uma Iniciativa Popular de Referendo ter angariado cerca de 92 mil assinaturas (na época do ano mais adversa para tal) ou que também em apenas um mês se tenham mobilizado alguns milhares de portugueses que no dia 20 de Fevereiro encheram a Av. da Liberdade em Lisboa, por motivo da mesma reivindicação. Esse mesmo sentir se constatou na maioria esmagadora da opinião publicada, na primeira manifestação pública dos militares de Abril desde a época revolucionária, ou na tomada de posição de mais de uma centena de autarcas do país inteiro que subscreveram o pedido de referendo. E, por fim, o comprovou o apelo final de voz autorizada dos bispos portugueses defendendo que, ainda que com custos políticos elevados, se pedia estivesse à altura das suas responsabilidades.

Quanto à abdicação dos seus poderes constitucionais de veto, essa conclui-se da sua história de desempenho do mandato e das considerações expendidas sobre a "inevitabilidade" da aprovação da lei. Ficámos a saber que para o Presidente o veto apenas se justifica nos casos em que o Tribunal Constitucional faça um juízo desfavorável da lei e por isso em última instância o poder de veto é de hoje para diante um atributo desse tribunal e não do Presidente, que, em caso contrário, promulgará todas as leis, independentemente do seu conteúdo, desde que exista maioria para nova ratificação na Assembleia da República.

Que a decisão do Presidente defraudou o seu eleitorado testemunha-o a vaga de protestos na comunicação social (seja nas cartas de leitores, seja em programas de televisão que permitem a intervenção de espectadores), a que conhecemos tem chegado ao Palácio de Belém ou às estruturas cívicas que se bateram por um referendo, algumas declarações de políticos e fazedores de opinião ou responsáveis de instituições relevantes na sociedade portuguesa (por todas veja-se Nota de Abertura da Renascença) ou a simples memória das últimas eleições. Quanto à surpresa dos católicos, esta decorre da visita de Bento XVI e da presença do Presidente, nos moldes em que bem ocorreu e interveio, como tem sido já suficientemente observado.

Assim, para uma vasta rede de movimentação cívica da sociedade portuguesa, com algum poder eleitoral já testado e demonstrado (vide como último exemplo o ocorrido nas últimas europeias da sequência das declarações de Paulo Rangel precisamente sobre este tema), a questão é: "Presidente: para quê?" Até saber a resposta, uma certeza: se isto se repetir não será com o nosso voto. Mandatário da Plataforma Cidadania e Casamento, filiado no PSD

domingo, 16 de maio de 2010

Papa Bento XVI - Encontro da Pastoral Social. 13 de Maio em Fátima

(...)
"Exprimo profundo apreço a todas aquelas iniciativas sociais e pastorais que procuram lutar contra os mecanismos sócio-económicos e culturais que levam ao aborto e que têm em vista a defesa da vida e a reconciliação e cura das pessoas feridas pelo drama do aborto. As iniciativas que visam tutelar os valores essenciais e primários da vida, desde a sua concepção, e da família, fundada sobre o matrimónio indissolúvel de um homem com uma mulher, ajudam a responder a alguns dos mais insidiosos e perigosos desafios que hoje se colocam ao bem comum. Tais iniciativas constituem, juntamente com muitas outras formas de compromisso, elementos essenciais para a construção da civilização do amor."

sábado, 15 de maio de 2010

Katia Guerreiro - Muda Tudo, Ate o Mundo

Um dos primeiros fados que conheci da Katia Guerreiro. Mas continua sempre a ser um dos meus preferidos.

É por amor que se aceita e também se diz que não
Só por amor se rejeita outro amor outra paixão
É por amor que se cai, ou se vence ou se resiste
Por amor nada nos dói, por ele não se desiste

É por amor que nos damos a quem não gosta de nós
É por amor que cantamos até já não termos voz
É por amor que se aposta toda a vida num segundo
Porque quando a gente gosta muda tudo até o mundo

Katia Guerreiro

Katia Guerreiro - Recado

O vídeo é para lá de medonho, mas não havia outro...



Estou aqui como se te procurasse
A fingir que não sei aonde estás.
Queria tanto falar-te e se falasse
Dizer as coisas que não sou capaz.
.
Dizer, eu sei lá, que te perdi
Por não saber achar-te à minha beira
E na casa deserta então morri
Com a luz do teu sorriso à cabeceira.
.
Queria tanto falar-te e não consigo
Explicar o que se sofre, o que se sente
E perguntar como ao teu retrato digo
Se queres casar comigo novamente.

António Lobo Antunes

sábado, 8 de maio de 2010