sábado, 22 de novembro de 2008

O meu dia; "Ser simples é ser decidido".

Semana passada fui convidada para dar um testemunho aos miúdos de Alverca que vão fazer o Crisma amanhã.
E como podem calcular passei toda a semana preocupada com o que havia ou não de dizer. Perguntei ao Mix, a Maria Seabra, a Francesca,..., aquilo que devia dizer e a resposta foi sempre a mesma; A Tua experiência.
Hum.. ok.. e agora ?? Não era claro e no entanto tinha de o fazer.
Pensar na minha vida, na minha experiência ajudou-me a fazer um juízo do caminho que fiz até hoje, a fazer um juízo da minha própria vida.

Hoje estava muito nervosa antes do testemunho, principalmente depois do Don Luis Mi ter dito que eu devia falar entre 20 à 30 minutos. Tinha uns tópicos escritos no caderno e tentei segui-los.. well.. tentei porque as tantas já estava com a 5 mudança ia a 200 e sem tempo para olhar para os sinais... !!! hhehehe

Comecei por contar como entrei para o movimento.

Eu vim para Portugal dom 13 anos. A minha mãe educou-me sempre ao Cristianismo, ensinou-me a rezar antes de dormir e quando havia qualquer coisa que me afligia. Mas nunca me ensinou a viver no Católicismo.
Entrei no 8ºano e para o espanto de qualquer um só havia 2 meninas na turma (eu e outra rapariga Brasileira). Escusado será dizer que ficamos muito amigas.. Que remédio !
Os meus pais inscreveram-me nas aulas de Religião e Moral, para o meu desagrado pois na altura o que mais queria era andar a passear com a minha nova amiga. De facto era o que eu fazia, baldava-me.
Quando ia as aulas até gostava de lá estar, gostava bastante do meu professor de Moral: Fechi. Mas não percebia metade das coisas que falava, estava constantemente distraída !
O Fechi a pouco e pouco foi apresentando aos meus amigos o movimento Comunhão e Libertação, com passeios, escolas de comunidade, cafésadas, etc.., simplismente sendo amigo destes jovens. E eu continuava desinteressada. Só vi o que tinha a frente quando o meu irmão passou a voltar para casa estranhamente contente. Digo estranhamente porque ele não costumava ser assim, havia qualquer coisa de diferente na maneira como via, ouvia, sentia, vivia as coisas.
Então, neste contexto de bocadinho a bocadinho o meu interesse por aquela estranha Felicidade acordou e despertou um desejo de perceber e viver aquilo que o meu irmão experimentava.
O ponto culminante deste fascínio foi as férias de verão.. ou melhor, quando o Xande voltou dessas férias. Não me lembro ao certo das coisas que disse mas recordo-me que o meu desejo de viver o mesmo que o meu irmão vivia tornava-se uma certeza. E a certeza foi; Eu também quero ir, vou ao próximo passeio ou encontro. E de facto fui.
O primeiro passeio grande desse ano foi à Serra da Estrela. Eu estava fascinada com toda aquela brancura pois nunca tinha visto tanta neve junta e poder tocar-lhe e jogar e saltar e correr e blábláblá nesse novo cenário foi algo que me marcou. A Beleza, foi a Beleza daquele sitio que me marcou mais nesse passeio. Tanto porque ainda era bastante desatenta nos encontros.
Aquilo era fabuloso. Aquilo do movimento, aquela ideia que tinha era tudo fantástico, nostálgico. Em qualquer passeio, graças ao fechi completavamos quase dois autocarros só com pessoas do restelo. Mas Cristo pregou-nos uma partida, o Fechi mudou para outro liceu. E agora?? Como seria estar, pertencer ao movimento sem o nosso querido professor? Pois.. na realidade foi bastante difícil, passamos a fazer escola de comunidade a noite e pior do que isso.. as pessoas deixaram de vir as coisas organizadas pelo CL. Os meus amigos mais chegados começaram a deixar de ir.... Fiquei sem companhia?? Claro que me passou pela cabeça desistir como eles mas não podia nem queria ser desonesta com o desejo, com a semente de desejo que crescia no meu coração. Tive o desagrado de ver os meus amigos tornarem-se Punks anarquistas, continuava com eles no Liceu mas já não era a mesma coisa. Enquanto o tempo passava, passavam também as amizades.. aos poucos fomos nos deixando de falar até que deixamos de falar de vez. Claro que se os encontro na rua falo-lhes mas os cafés, as parvoeiras, a companhia, foi-se. Apesar de tudo sai a ganhar. Não que seja bom perder amigos mas ganhei pelo caminha que escolhi. Continuo na estrada para Cristo, claro que podia me ter enganado e depois ter voltado (ou não!) mas prefiro viver todos os dias esta aventura de encontrar Cristo em cada olhar e palavra que vejo ou oiço.
Em 2004 houve a proposta para fazer o Crisma. Eu naquela altura não tinha sequer a 1ª comunhão e interessava-me imenso fazer-lá porque já ia a missa a sério todos os domingos e faltava-me, num modo bruto de dizer, comer o corpo de Cristo, perceber o que era isso do corpo de Cristo.
Comecei a ir a Catequese liderada pela ex. pessoa Madalena Fontoura e pelo Gonçalinho (creio..). Mas não passou muito para que começasse a baldar-me a este encontro. A minha mãe vive no Brasil mas nessa altura estava em Portugal e era uma óptima razão para não ir a catequese com mais 50 e tal pessoas que mal conhecia.
Em meados de Fevereiro a Madalena veio ter comigo e disse-me que eu já não podia fazer o Crisma, só a primeira comunhão porque praticamente não tinha me preparado para tal. A posição foi justa, eu disse que sim que tinha razão mas por dentro estava mais irritada do que nunca ( a tal gabardina que Don Giussane fala no ponto da obediência, gesto do eu).
No mesmo mês fui convidada a ir a Itália para o Tríduo - preparação para a Páscoa. Vêem a controversa?? Levava o movimento a sério mas não o Crisma?? Que sentido que isto faz? Pois.. certo quem diz que nenhum !!
Em Abril, uma semana antes de fazer anos estava pronta para ir para Itália.. hum.. será? Faltava-me o visto, ou a assinatura para poder viajar porque ainda não tinha 18 anos. Mas houve um pequenino problema... a minha mãe já não estava em Portugal e sendo os meus pais separados precisava da assinatura dos dois. Quando fui alegre e contente ao cartório para receber o tal carimbo de autorização fui barrada, a senhora dizia-me que não porque a minha mãe tinha de assinar... Já estava cheia de lagrimas na cara quando apareceu a nossa Sofia com a mãe, ia também receber o carimbo.. Também ? Quando se apercebeu de que eu não podia ir porque não havia maneira de receber o carimbo na carta ficou "fora de si", praticamente contou a minha vida toda e explicou o que era o movimento e porque era importante irmos (exagero óbvio). Não sei como fez mas sei que tive o visto para viajar !!!!!!! E foi o que fizemos..
A experiência de Itália encheu-me o coração de tal maneira que quando voltei a minha mãe reconheceu em mim uma Felicidade que eu ainda desconhecia e desse reconhecimento nasceu um juízo... Porque estava eu contente?? A verdade é que estava certa do que era Cristo na minha vida e desejava profundamente continuar a viver-lo.
E percebi que tinha de ir ao retiro de Crisma, fazendo ou não o Crisma se queria viver verdadeiramente aquilo que me estava a acontecer devia obedecer a circunstância e assim fiz.
Fui, cheia de medo ao retiro de um fim de semana. No primeiro almoço sentei-me numa mesa com pessoas que mal conhecia e durante o almoço comecei a contar como tinha sido Itália, não me lembro quem eram e nem sei se elas se lembram do que eu disse mas no fim do almoço a Madalena foi ter comigo e disse-me que afinal devia fazer o Crisma, não me disse o que tinha visto mas creio que tinha visto uma presença que não conhecia porque, simplismente, não me conhecia.
E foi assim que eu fiz o Crisma. No dia 11 de Maio de 2005 disse sim a igreja, a Cristo.
E por cá continuo.
Percebi naquela altura que Cristo não acaba quando os nossos amigos se vão embora, não desaparece quando somos crismados, não se nos abandona quando não percebemos.
É preciso estar-se atento aos sinais pois só assim somos contemplados pela sua Graça.

No fim o Mix perguntou algumas coisas e alguns miúdos disseram outras mas o mais importante para mim foi mesmo no finalzinho...
quando todos já estavam de pé a irem embora um deles veio ter comigo e perguntou; "Como é que saber que é Cristo?"
Querem pergunta mais frontal e mais pessoal que esta ?!?!?!?!
A primeira coisa que pensei foi.. Mas que idiota que raio de pergunta mas no segundo a seguir o meu coração encheu-se de qualquer coisa que não medo. Dei-lhe exemplos da minha vida e depois perguntei-lhe "se isto não for Cristo o que é?" ele não me soube responder. Depois ainda pedi que fizesse um trabalho, que durante as próximas duas semanas ele havia de estar atento para poder reconhecer Cristo num olhar ou numa palavra ou num gesto ou numa paisagem ou... e que depois falávamos. Pedi-lhe para estar atento.
Sendo assim veremos o que irá acontecer tanto a este menino como a mim.

Grande beijinho aos meus amigos que me acompanham nesta estrada.

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