segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O palácio da Ventura

O homem tem sede de infinito, quer sempre mais, procura sempre mais, está constantemente insatisfeito... Quando o maior dos nossos desejos está satisfeito é quando nos apercebemos que não é dele que depende a nossa felicidade...
As palavras não são o meu forte, sou sempre confusa ao dizer o que quero, mas deixo um poema de quem tem como forte as palavras.

O palácio da Ventura

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formusura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!

Antero de Quental

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