sábado, 5 de maio de 2007

O palácio das Venturas

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura!
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado!
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro com fragor!
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!


Antero de Quental

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